Jornada CNA – Palestrantes discutem geração de energia renovável e mercado de carbono no país
14/07/2022 – Especialistas discutiram as oportunidades e desafios para a geração de energia renovável no país e o futuro do mercado de carbono durante a programação da “Jornada CNA – Eleições 2022”, promovida pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, na quarta (13).
Esse foi o quinto encontro de uma série de debates com especialistas, políticos, lideranças e autoridades para tratar de temas fundamentais para o país. A partir do que foi debatido nas Jornadas, a CNA irá formular as propostas do setor produtivo para apresentar aos candidatos à Presidência e aos parlamentares.
O primeiro painel sobre energia renovável foi conduzido pelo diretor-geral da Agroicone, Rodrigo Lima, e contou com apresentações do diretor de Relações Institucionais da FS Bionergia, Eduardo Mota, do gerente de Portfólio de Produtos da New Holland, Nilson Righi, e do presidente da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), Alessandro Gardemann.
Ao falar sobre o papel do etanol de milho na matriz de transportes descarbonizada, Eduardo Mota afirmou que o setor ganha força no mercado nacional de biocombustíveis. “Para a safra 2021/2022, a previsão é que as usinas produzam 3,3 bilhões de litros de etanol de milho. Até 2030, esse volume pode chegar a 7 bilhões”.
Segundo o representante da FS Bionergia, o etanol da cana deve continuar como o principal motor da oferta de biocombustível no país, mas o etanol de milho pode complementar a matriz, principalmente na entressafra da cana-de-açúcar. “Além de contribuir para a oferta de biocombustível e para o crescimento orgânico da frota brasileira, o etanol de milho fomenta a produção de alimentos”, disse.
Já o gerente de Portfólio de Produtos da New Holland, Nilson Righi, apresentou um histórico da empresa no processo de transição verde. “O biometano se mostrou como a tecnologia mais viável com relação à maturidade no mercado. Então, a partir disso, concentramos todos os esforços na fabricação de tratores movidos a biometano”.
De acordo com Nilson, para obter o biometano é necessário investir em três pilares: na geração do biogás bruto, na limpeza desse gás e, depois, em máquinas e equipamentos para utilizar o combustível. “O produtor rural precisa ter acesso a equipamentos com preços competitivos e financiamentos com taxas atrativas para ter capacidade de investir e gerar cada vez mais o biometano”, explicou.
Em sua apresentação, o presidente da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), Alessandro Gardemann, afirmou que as principais vantagens de produzir biogás são a origem renovável, a redução das emissões de GEEs, as reservas que não se esgotam, a produção descentralizada em todas as regiões do país e a estrutura de preços independente do dólar ou da cotação internacional de petróleo.
Alessandro informou que o Brasil possui 811 plantas de biogás, sendo que 755 estão em operação. “O biogás é democrático, é viável, mas o grande desafio é produzir com as tecnologias corretas e de maneira eficiente para obter o aproveitamento completo do biometano ou mesmo da energia elétrica”.
Mercado de carbono – O segundo debate trouxe como tema o futuro do mercado de carbono e teve a moderação do jornalista e diretor-executivo do Canal AgroMais, Marcello D’Angelo. Participaram do painel o CEO da My Carbon, Eduardo Bastos, a coordenadora Comercial da Sustainable Carbon, Carmen Cedraz, e a secretária da Amazônia e Serviço Ambientais do Ministério do Meio Ambiente, Marta Giannichi. O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, fez o encerramento do evento.
Eduardo Bastos falou sobre os créditos de carbono e o potencial do Brasil em zerar as emissões. Em 2021, o mercado regulado de carbono faturou US$ 280 bilhões no mundo e a expectativa é chegar a US$ 1 trilhão até 2030. Já a receita do mercado voluntário foi de US$ 1 bilhão no ano passado, podendo chegar a US$ 100 bilhões em 2030.
“O Brasil é considerado o país com maior potencial no mercado de carbono. Com o uso de tecnologias sustentáveis podemos compensar as emissões de gases e gerar excedentes para outros países. É possível alimentar o mundo e fazer a descarbonização”, disse Bastos.
Durante o debate foi apresentado o Projeto Compostagem da Sustainable Carbon no estado de Santa Catarina. A proposta da iniciativa é a substituição do sistema de gerenciamento de resíduos animais comuns por outro com menor emissão de GEEs. O projeto é composto por seis granjas ativas de suinoculturas que utilizam unidades de compostagem automatizadas que tratam os dejetos de forma controlada e economicamente sustentável.
Na opinião da coordenadora Comercial da Sustainable Carbon, Carmen Cedraz, os principais desafios para o desenvolvimento de projetos de carbono estão relacionados à escala. “O Projeto Compostagem em Santa Catarina envolveu vários granjeiros, então a nossa sugestão é sempre unir iniciativas e produtores, de preferência da mesma cidade ou de cidades vizinhas”, destacou.
Em sua exposição, a secretária da Amazônia e Serviço Ambientais do Ministério do Meio Ambiente, Marta Giannichi, falou do “Floresta + Carbono”, uma modalidade do “Programa Floresta +” do governo que reconhece a importância do crédito de carbono florestal para o mercado voluntário. “Uma simples sinalização política foi suficiente para trazer ganhos para esse mercado tão importante para a conservação de florestas”.
Com relação ao mercado de carbono, Marta disse que ele “tem que beneficiar a economia e os produtores como um potencial de renda adicional, mas acima de tudo precisa ser um grande serviço de gestão ambiental e instrumento para redução de emissões de gases”.
O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, destacou que o governo faz políticas na direção de inovar, empreender e criar uma nova economia verde. “Precisamos buscar tecnologias para produzir alimentos e fixar carbono durante esse processo. O grande desafio é mostrar que o Brasil é parte das soluções globais”.